Total de visualizações de página

sábado, 29 de agosto de 2015

Fazendo pose

"Há dezenas de anos que nós só falamos de sexo fazendo pose"

Foucault, História da Sexualidade, 1976


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Epigrama n° 2 - Cecília Meireles

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.

Cecília Meireles - Viagem - 1938


Eu permaneci, com as bagagens da vida.


Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro.


o rio.



A terceira margem do rio
Guimarães Rosa




Era, outra vez em quando, a Alegria. 

Guimarães Rosa
Primeiras Estórias




PERHAPPINESS

Leminski


Felicidade, 
Não existe, 
O que existe na vida
São momentos felizes.

Odair José


A felicidade sempre iria ser clandestina para mim.

Clarice Lispector



terça-feira, 11 de agosto de 2015

Fernando Pessoa Queer- Eros e Psique

    Conta a lenda que dormia
    Uma Princesa encantada
    A quem só despertaria
    Um Infante, que viria
    De além do muro da estrada.

    Ele tinha que, tentado,
    Vencer o mal e o bem,
    Antes que, já libertado,
    Deixasse o caminho errado
    Por o que à Princesa vem.

    A Princesa Adormecida,
    Se espera, dormindo espera,
    Sonha em morte a sua vida,
    E orna-lhe a fronte esquecida,
    Verde, uma grinalda de hera.

    Longe o Infante, esforçado,
    Sem saber que intuito tem,
    Rompe o caminho fadado,
    Ele dela é ignorado,
    Ela para ele é ninguém.


    Mas cada um cumpre o Destino
    Ela dormindo encantada,
    Ele buscando-a sem tino
    Pelo processo divino
    Que faz existir a estrada.

    E, se bem que seja obscuro
    Tudo pela estrada fora,
    E falso, ele vem seguro,
    E vencendo estrada e muro,
    Chega onde em sono ela mora,

    E, inda tonto do que houvera,
    À cabeça, em maresia,
    Ergue a mão, e encontra hera,
    E vê que ele mesmo era
    A Princesa que dormia.

    1934