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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Clarice III

"Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente - como em dores do parto - e vi que a menina em mim estava morrendo. Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa, heróica. Sem menina dentro de mim."

Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo




[Ler Clarice era como um perdão...]


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mexendo

O bebê mexe dentro da minha barriga.
Onde vamos, vamos juntos, e eu o amo também por causa disso.
O bebê mexe comigo.

domingo, 24 de abril de 2011

Primeiro cabelo branco

É um cabelo grosso e acinzentando, como deveria ser, bem no meio da cabeça.
Olho bem no espelho diante do susto, procuro mais algum sinal, vejo então que os olhos já tem duas ruguinhas de cada lado. Sinto um desespero e um certo orgulho diante dessas evidências, e penso: terei que enfrentar essa situação tão séria e banal como todo mundo, universalmente, a enfrenta.
E sei que para as mulheres a questão é ainda mais complexa...
Tento me imaginar daqui a dez anos, quando todos esses pequenos sinais estarão mais acentuados. Vem à minha mente a imagem de outras mulheres que conheço, lindas, bem mais velhas do que eu. Também para elas, e para todas as outras, isso sem dúvida, em algum momento, foi uma questão permeada por certa angústia diante de um espelho bem iluminado. E, no entanto, estão aí, como se sempre tivessem tido 50 anos.

A gente envelhece todos os dias.

De pouquinho em pouquinho.

E isso, na verdade, é bom.

Bom porque não é de repente, não é que um dia você acorda e sua cara já não é mais a mesma. Bom, porque ela nunca foi a mesma. Criança, adolescente, jovenzinha, mulher feita, mulher madura, uma senhora, uma velhinha. Todos os dias, um rosto diferente. Desde sempre.

Bom porque o tempo, ao invés de ficar parado, anda. E ao invés de fazer isso silenciosamente, vai nos mostrando "estou andando e, olha, você está mudando junto comigo", "caminhamos lado a lado, todos os dias", ele vai explicando pra gente. Assim, ele permite que a gente também siga nessa linha, só que vivendo.

E a vida, por mais dura que possa nos parecer às vezes, é a única oportunidade segura que nós temos de pensar, sentir, agir, amar e mudar. E isso, em si e sem mais explicações, só pode ser bom.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Lady Laura - Roberto Carlos

Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
E me conte uma história bonita
E me faça dormir
Só queria ouvir sua voz
Me dizendo sorrindo
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino
Apesar de distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso escutar de você
Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conta uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura
Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem
Me afagando os cabelos
Você certamente diria
Amanhã de manhã você vai se sair muito bem
Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição
Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado, eu sorria
E, nas horas difíceis
Podia apertar sua mão
Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conta uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura
Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
Muito embora você sempre acha que eu ainda sou
Toda vez que eu te abraço e te beijo
Sem nada dizer
Você diz tudo que eu preciso
Escutar de você....