Uma lagartixa está na cortina lisa e transparente do boxe do chuveiro.
É pequenininha.
Á água quente, fervendo, minha pele seca resistindo, o cérebro sem ensaboar.
Olho para seus olhos arregalados.
Sinto dó dela,
também de mim.
Agarradas
a qualquer coisa de instável, de precário, de inaceitável, prestes a deslizar.
A umidade quente do banheiro se acentua,
a superfície vai ficando mais escorregadia, com dezenas de gotículas de água.
Por quanto tempo será possível se segurar?
Ela não tem culpa,
Yo, tampoco.
O acaso nos trouxe aqui.
Desligo o chuveiro com pressa, antes que tudo se complique ainda mais.
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