Meus olhos eram mesmo água,
- te juro -
mexendo um brilho vidrado,
verde-claro, verde-escuro.
Fiz barquinhos de brinquedo,
- te juro -
fui botando todos eles
naquele rio tão puro.
............................................
Veio vindo a ventania,
- te juro -
as águas mudam seu brilho
quando o tempo anda inseguro.
Quando as águas escurecem,
- te juro -
todos os barcos se perdem,
entre o passado e o futuro.
São dois rios os meus olhos,
- te juro -
noite e dia correm, correm,
mas não acho o que procuro.
Cecília Meireles - Viagem
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terça-feira, 28 de julho de 2015
domingo, 26 de julho de 2015
Desprezo
O famoso poeta - ou a, se de artigo feminino for,
nunca terá o meu perdão.
Reclama melancólica da vida,
mas pelo troféu de letras,
sempre terá seu culhão.
Nós - as verdadeiras -,
silenciosas, clamamos para o nada.
E nada recebemos em troca, quanta legitimidade, atabalhoadas em anonimatos virtuais.
A força está aqui,
resistimos sem coquetéis com champanhe - sim quanta honra,
sempre sempre, por definição, em vão.
nunca terá o meu perdão.
Reclama melancólica da vida,
mas pelo troféu de letras,
sempre terá seu culhão.
Nós - as verdadeiras -,
silenciosas, clamamos para o nada.
E nada recebemos em troca, quanta legitimidade, atabalhoadas em anonimatos virtuais.
A força está aqui,
resistimos sem coquetéis com champanhe - sim quanta honra,
sempre sempre, por definição, em vão.
Tudo depende do que você quer saber
Do ar tomado antes de tomar certas decisões,
e das frustrações, depois
(elas sempre virão)
Do besta, da vida,
no mesmo tempo, no mesmo agora, no mesmo nada que eu, indivídua, vivo e respiro e tento achar
utopias
- muito bonito seu papo sobre utopias, gato, mas será útil para agora? -
será o caos
será a sobrevivência
nascer, copular, morrer
é assim que o inteligente, citando outro mais que ele, recita, em vão.
Quero as migalhas da vida.
Quero tudo aquilo que poucos
E meu momento vai chegando, uma vida investindo em olhar para o nada.
o desperdício.
- acontece também com vidas inteligente, a classe média também se desperdiça, baby.
Vamos.
Vamos pelos menos correr, respirar, cansar, brigar, lutar, sobreviver, comer, cagar, xingar, odiar, fofocar, pelo menos.
Será que meu limite chegou? sinto que está perto, mas é difícil saber sua hora, e quanta dor trará consigo - o horror, ou não, a libertação.
Destino - preso, livre, preso, livre, preso, livre, preso, livre
não se trata disso, meu bem.
é preciso estudar psicanálise, meu bem.
E encarar as bordas, seja forte, como sempre.
e das frustrações, depois
(elas sempre virão)
Do besta, da vida,
no mesmo tempo, no mesmo agora, no mesmo nada que eu, indivídua, vivo e respiro e tento achar
utopias
- muito bonito seu papo sobre utopias, gato, mas será útil para agora? -
será o caos
será a sobrevivência
nascer, copular, morrer
é assim que o inteligente, citando outro mais que ele, recita, em vão.
Quero as migalhas da vida.
Quero tudo aquilo que poucos
E meu momento vai chegando, uma vida investindo em olhar para o nada.
o desperdício.
- acontece também com vidas inteligente, a classe média também se desperdiça, baby.
Vamos.
Vamos pelos menos correr, respirar, cansar, brigar, lutar, sobreviver, comer, cagar, xingar, odiar, fofocar, pelo menos.
Será que meu limite chegou? sinto que está perto, mas é difícil saber sua hora, e quanta dor trará consigo - o horror, ou não, a libertação.
Destino - preso, livre, preso, livre, preso, livre, preso, livre
não se trata disso, meu bem.
é preciso estudar psicanálise, meu bem.
E encarar as bordas, seja forte, como sempre.
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São Paulo
domingo, 12 de julho de 2015
Assovio
Ninguém abra a sua porta
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.
Ela não sabe o meu rumo,
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu.
Vou pelo braço da noite,
levando tudo o que é meu:
- a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.
Cecília Meireles
Viagem
1938
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.
Ela não sabe o meu rumo,
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu.
Vou pelo braço da noite,
levando tudo o que é meu:
- a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.
Cecília Meireles
Viagem
1938
sábado, 11 de julho de 2015
interesseira, burra, pelega, vagabunda, careta, carola, egoísta, tímida, mesquinha, idiota, golpista, frígida, insegura, fracassada, ressentida, suicida, mal-amada, traumatizada, louca, derrotada, safada, deprimida, falida, pobre, descuidada, feia, chata, triste, encurralada, medíocre, coitada
é o que diz
a minha doce culpa de estimação.
é o que diz
a minha doce culpa de estimação.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Janela
"Janelas do meu quarto,
do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é [...]" - álvaro de campos
Se, cada vez que abrimos a janela,
temos que, ao final do dia, fechá-la,
quantos dias assim se vão?
Abrir: esperanças, dia, sol, ar fresco, cheiro de rua.
Fechar: fim de um dia, semana, mês, ano, escuridão, minha morte.
Oh janelas do meu quarto, entre dias e noites, vamos nos abrindo e fechando, eu e você.
do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é [...]" - álvaro de campos
Se, cada vez que abrimos a janela,
temos que, ao final do dia, fechá-la,
quantos dias assim se vão?
Abrir: esperanças, dia, sol, ar fresco, cheiro de rua.
Fechar: fim de um dia, semana, mês, ano, escuridão, minha morte.
Oh janelas do meu quarto, entre dias e noites, vamos nos abrindo e fechando, eu e você.
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